quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Passeio

Não sei quem inventou que cachorro tem que passear. Pior, inventaram e contaram para eles. Chego do treino, que também é uma invenção danada, doido para encostar o esqueleto na poltrona, e as cadelas começam a olhar com cara de quem está esperando algo. É claro que sei o que elas querem, mas me faço de bobo. Não adianta. Cachorro só é idiota quando lhe convém. Manda parar de latir para ver se obedece. Pede para não rasgar papel e espalhar os pedaços na sala. Parece que entendem o oposto. Não fazem nada que pedimos, mandamos, imploramos. Chego a pensar que não tem cérebro. Quando criança, na escola, duvidava da história de que animais são irracionais e que o homem é o único ser pensante. Depois passei a concordar, mas, hoje, já tenho minhas dúvidas.

Duas cadelas que passeiam pela manhã, por quase duas horas. Contratamos um passeador, ou melhor, tutor, que é o nome que hoje se dá à profissão. Voltam os três com a língua de fora. Ele se recupera logo e vai para casa. Elas ficam arfando e babando no chão. A assoalho está uma feiura só. Manchado de uma maneira que só raspando e passando cera de carnaúba. Melhor nem passar nada. No dia segunte tem mais passeio.


À noite somos nós que levamos. Saem de casa latindo  como se estivessem apanhando, o que não deixa de ser uma ideia tentadora. Chegam à rua nos arrastando. Não sei como não morrem enforcadas. Se descobrir o truque, vendo para os iranianos condenados à morte. Lá eles são pendurados pelo pescoço em uma grua até morrer. Demora, mas acabam morrendo,  de uma maneira horrível. Tão horrível quanto a lei daquele pessoal.


O passeio, na verdade, 


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