domingo, 3 de janeiro de 2021

China

 

Se quem entende do negócio não se entende, o que dirá de quem não entende nada. Desde que esse vírus chegou no Brasil, a confusão foi formada. E a coisa parece que chegou de surpresa. O ano começou, o Carnaval chegou e a gente nem se preocupou. Disseram que era coisa de chinês e por lá mesmo ficaria. Quanta coisa acontece na China e a gente não fica sabendo como termina. Quem sabe como termina o campeonato chinês de futebol? Ninguém. Acho que nem eles. Aliás, será que tem futebol na China? Estádio tem de montão, mas eles usam para execução coletiva. Aquele monte de chinês ajoelhado, um soldado de cada lado e um atrás com o fuzil apontado. Dizem que tem dia que são mais de 500 execuções, o que significa que tem 1.500 soldados ali. Se botasse essa tropa para trabalhar, talvez nem tivesse tanto crime e não precisaria matar tanta gente. Mas dizem que isso é popular. Até transmitem pela televisão.

A China sempre foi um mistério. Nem tanto por eles, mas pela distância mesmo. Hoje até é mais fácil saber o que existe por lá. Tem Internet e avião está mais em conta. Quer dizer, quando tinha avião para lá, porque agora está tudo parado. Era criança e aprendi que na China quando alguém é executado a bala é cobrada da família. Nunca soube se isso era verdade, mas acredito que não. E se a família se recusasse a pagar? Seriam executados? Aí o prejuízo seria maior, porque seriam mais balas e não teria ninguém a quem cobrar. Dizem que os chineses vendem órgãos dos condenados, olhos principalmente. Não sei se já descontam o preço da bala e devolvem o resto para a família. Se bem que olho de chinês é pequeno e não deve valer grande coisa. Não serve em qualquer um. Talvez em japonês ou coreano.

A China faz de tudo, de tênis a foguete. Não se pode dizer que é falsificação, já que eles escrevem que é fabricado lá. Mas é mesmo esquisito. Recentemente, saiu a notícia de que a China abolira o hábito de comer cachorro, mas lá as coisas não são bem claras. Não se abole um hábito por decreto. Pode se proibir por decreto, mas hábito some aos poucos e nem todo mundo larga ao mesmo tempo. Pelo sim pelo não, a cachorrada tem motivos de sobra para ainda não andar tranquila pelas ruas da China. Aqui já pode andar à vontade, porque há tempos não se fala mais em carrocinha. Acho que nem existe mais. Cachorro agora é capturado em fotografia para rede social, ou vídeo, se fizer algum tipo de gracinha, qualquer uma, mesmo destruir sofá.

Uma entidade chamada China Rescue Dogs, preocupada com possível recaída dos chineses, enviou milhares de cachorros da China para países onde estivessem a salvo, sendo que a maioria foi para Estados Unidos e Canadá. A confusão nos aeroportos foi grande, e não podia se esperar outra coisa. Para começar, a cachorrada foi despachada de qualquer jeito, sem lugar certo para ficar. Como medida de economia, a tal entidade pediu que passageiros que estivessem viajando para aqueles países levassem os cães como se fossem seus. Mesmo com a recomendação que se faz em qualquer aeroporto do mundo, de não levar qualquer bagagem que não seja sua, os refugiados devem ter feito aquela carinha de cachorro carente que amolece o coração das pessoas, menos o meu. Tenho cachorro em casa e sei que são excelentes atores. Fazem cara de fome, de sede, de vontade de brincar, de ir ao banheiro, enfim, como não falam, fazem mímica. Nem Marcel Marceau, o mímico mais popular da França, teria tanto talento.

A necessidade faz o sapo pular, ou melhor, faz o cachorro interpretar e os cachorros da China aprenderam a fazer cara de quem quer ir para os Estados Unidos. O problema, no entanto, foi que, ao chegar nos Estados Unidos ou no Canadá, o passageiro que aceitou levar o cachorro como se fosse seu, simplesmente passou pela imigração e foi cuidar da vida, largando o cachorro na esteira de bagagens. Quem assistiu o filme O Terminal, onde o personagem de Tom Hanks ficava zanzando no aeroporto, após ter sua entrada negada nos Estados Unidos, e também não podia voltar para seu país de origem, que acabara de sofrer um golpe de estado e seu passaporte perdera a validade. No caso do filme, o passageiro se virava como podia. Usava os banheiros, arrumava um jeito de ganhar umas moedinhas devolvendo os carrinhos de bagagem no equipamento automático, ou seja, fazendo coisas que cachorro, por mais inteligente que seja, não conseguiria fazer.

Há muito tempo que os cachorros chineses não visitavam outros países. Quando criança, quase todos meus amigos tinham cachorro pequinês em casa. Como o nome diz, pequinês vem de Pequim. Não sei como surgiu aquela invasão canina chinesa, só sei que eles fizeram um baita sucesso. Não eram bonitos, ao contrário, eram até feios demais, os dentes de baixo ficavam à mostra e os olhos eram mais saltados dos que os do Érick Jacquin, do MasterChef. Não sei ser era lenda, mas falavam que se puxassem a pele da cabeça deles para trás os olhos saltavam das órbitas e só uma cirurgia poderia recolocá-los no lugar. Nunca soube de nenhum caso, mas também nunca soube de que alguém tenha feito algum afago na cabeça daquelas feiuras, que tinham um gênio insuportável. Lá em casa nunca tivemos pequinês, talvez porque tivéssemos uma irmã com o gênio bem difícil e a cota de mau humor já estivesse preenchida.

Os pequineses sumiram do Brasil, assim esperava, mas, recentemente, vi uma dondoca, vestida de camisa da Seleção Brasileira, com dois deles, passeando em uma praça de Ipanema. Perguntei se eram muito velhos ou descendentes de criação antiga da família, e ela respondeu que havia comprado recentemente. Era só o que faltava. Esses bichos estão de volta e ainda por cima são vendidos. Escaparam de virar acompanhamento de chop suey para ser acompanhantes de madame. Provavelmente ela não sabe que são oriundos de país comunista, senão já teria dado fim neles ou não teria nem comprado.

Hoje a China vira notícia de novo. Depois de um ano sendo acusada de criar um vírus para bagunçar a economia mundial, a China desenvolve a vacina para a Covid e a histeria agora é outra. Falam que o vírus foi criado para que as pessoas se vacinassem e a vacina conteria um chip que faria com que a humanidade fosse dominada. Isso aí está com cara de roteiro de Regina Duarte com colaboração de Olavo de Carvalho.

E o Brasil cisma de ensinar à China como se faz comércio. Diz que eles devem bater à porta dos países para vender o estoque de vacinas produzidas. Acho que o quepe aperta demais a cabeça e prejudica os miolos. Se toda a capacidade de produção de vacinas fosse atingida hoje, ainda assim não seria suficiente para quase metade da população mundial. Quem deve bater à porta de quem? Uma coisa, porém, é certa. Se a China está enviando tantos cachorros para o ocidente, que já mande vacinados. Se a gente não merece, que pelo menos eles estejam protegidos.

 

Rio de Janeiro/RJ, 03 de janeiro de 2021

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